quarta-feira, 10 de abril de 2013

Pinhão no Acarajé


O baiano tenta conquistar uma polaquinha. Aprendeu que as meninas araucarienses mostram-se difíceis
com peão de obra. Por isso, reserva um mês á pulso , ou melhor, á fio, para aprender o sotaque do leite quente.
Calado até passa por piá. Deixou a bermuda e o chinelo em casa, por precaução.
Convida a loirinha delicada para comer uma água, ou melhor, tomar um chopps no Bakanas.
Assim, que se sentam á mesa, ele reconhece de longe um colega de trabalho e o já vai gritando de longe:
- Colé de mêrmo, pivete!
Ele percebe a mancada que deu e explica que está imitando o amigo nordestino. Mas fala com malemolência tão
típica, que é difícil acreditar.
Deixa a menina á vontade para que ela explane sua vida inteira. Ele todo ouvidos, não dá pistas de sua procedência.
O garçom vem com a conta.
- Oxe! oxe! oxe! Aí, é barril!!!
- O que houve? - ela pergunta espantada com sua esquisita interjeição.
O rapaz disfarça, desconversa e engole a seco duas cervejas somadas a mais. Não quer fazer barraco, não quer
rodar a baiana, logo no primeiro encontro.
Ele propõe um passeio a um lugar mais calmo, uma volta á pé pelo centro. Logo na saída do bar tropeça no calçamento solto.
- Fio do cabrunco!
- De onde do interior você disse que veio mesmo? - desconfia a moça.
- Camaçari. É uma cidade pequena que fica próxima de Londrina.
Ela se despede mais cedo do que o previsto quando o ônibus aponta na esquina.
Como dizem na obra: "todo castigo para peão é pouco".

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