domingo, 1 de novembro de 2015

Anarchy In The AraU.K


O velho Melancia, foi ao posto de saúde e perguntou á atendente sobre seu remédio. Não tinha. Sem previsão. Perguntou do doutor. Não veio. Sem previsão.
Meia hora depois voltou carregando algumas ripas, martelo e um saco de pregos.
- Já tive um bar, sei como é isso. Quando o estoque acabou, eu estava endividado, com a corda no pescoço e não tive outra alternativa se não fechar de vez. Preguei as portas e fui me embora. Te aconselho a fazer o mesmo, moça. Prá que perder tempo aqui?
Enquanto se preparava para martelar, um alvoroço, alguns telefonemas e logo apareceu uma viatura. Algumas senhoras o alertaram. Ele despistou, saiu correndo, pulou o muro e vazou Jardim Planalto afora...
Discretamente o povo reage.
Já dizia Oiticica: seja malaco, seja herói.

...

O setor de odontologia do posto de saúde ficou meses interditado pela vigilância sanitária devido a proliferação de fungos motivado pela infiltração de água no teto. A prefeitura reformou a cobertura e só. Virou as costas. A parte interna do setor ainda contaminada era um entrave para a questão.
Foram inúmeras reclamações dos moradores, mas as reivindicações não foram ouvidas pelo governo.
O filho da servente do posto, indignado com esta inoperância, tomou a iniciativa comprou latas de tintas e outros materiais de construção e pôs a mão á obra. Deixou tudo nos trinques e o setor voltou a funcionar.
O ilustre desconhecido não se lança em campanhas, nem tem press release a seu favor. As mil promessas registradas em cartório pelo governante, de nada lhe serviram.
Muito se fala sobre a necessidade de mudanças. Ações efetivas são mais produtivas do que clamar por novas chances em outra eleição, daqui a sabe se lá quantos anos.
Já dizia um velho punk: faça você mesmo, piá!

...



Para o romancista inglês Bernard Shaw, esmola doada á caridade desobriga o governo de cumprir sua função social.
Para o ex-motorista araucariense Labamba, o ato de ajudar a cidade também trata-se de manifestação cultural. O moço pegou uma geladeira velha, encheu de livros e improvisou uma biblioteca pública no ponto de ônibus, em frente á sua casa.
Repassar informação adiante, sem onerar o autor pode ser pirataria, mas para a vizinhança da Estação, que espera inerte algum sinal de vida da Prefeitura, é um ato de amor.
Acho que neste gesto, ele não incentiva a desobediência civil. Apenas quis dar uma mãozinha, e á sua maneira interpretar o conceito punk do "faça você mesmo".
Afinal as pessoas podem ser capazes de seguirem sua vidas, e tentar progredir sem depender de autoridades em sua vidas, incentivando ou violando sua liberdade de expressão.
Na expectativa de dias melhores, ele é mais um Pigmaleão, esculpindo de forma libertária alguns seres humanos. E quem sabe, caros leitores, vocês façam o mesmo?

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