domingo, 1 de março de 2015

Quem ama não desintegra

Em fevereiro de 2015, a rede integrada de transporte chegou ao fim. O futuro apocalíptico tecnocrático chegou.
Milhares de araucarienses fizeram protesto contra o custo da viagem até a capital que dobrou. E além disto muitas linhas de ônibus foram desativadas.
Para o diretor-presidente do órgão Comec (Coordenação da Região Metropolitana), um dos supostos autores desta tragédia, as mudanças tem um lado positivo.
“O transporte municipal deve ser fortalecido para incentivar o uso e as atividades no próprio município, mas será mantida a integração com a rede metropolitana através das linhas metropolitanas” - foram suas palavras.
Uma baita traição para com os usuários de fora da capital que igualmente fazem girar a economia.
Quem ama, não trai.
Não é novidade de que estes donos do poder apenas querem obter lucro. E o seu sistema não é para o bem do povo. É uma engrenagem da máquina capitalista que usou o passageiro.
Ops! Foi apenas uma má gestão que deflagrou esta crise atual. Existe um furo enorme no orçamento por causa dos subsídios dados para equalizar os custos da integração. Preferiram sacrificar a minoria batateira do que subir a passagem de toda região metropolitana para sanar a dívida.
Quem ama, cuida.
Alguns araucarienses foram impetuosos e furaram as catracas na manhã. No dia seguinte, tropas policiais fazem sentinela pelo terminal de ônibus para aplicar uma abordagem educativa nos supostos baderneiros da madruga.
Quem ama não bate.
O cálculo técnico é pura divisão.
Quem ama não desintegra.
...
Entendo que nos foi imposta uma mensagem frenética: Fechem as fronteiras. Encerrem os polacos no gueto araucariense.
Incentivar as atividades locais uma ova!
Está definido: Araucária para os araucarienses.
Agora vocês vão ver o que é ser fechado! O azar será o de vocês da cidade grande.
Na Região Metropolitana é como tem de ser, em Araucária é como se quer.
Vamos nos virar com o que é nosso. Viveremos de batata, pêssego e ovo. Pierogui não pode faltar. Aliás quanto a isso, não teremos com o que nos preocupar. Nossa região rural é vasta, imensa e daria conta de nosso sustento.
Mas eles também, que criem sua própria refinaria e que consigam gás de cozinha em outras bandas. Aqui não, seus janotas!
Sigamos para o lado positivo: Temos nossa própria TV, nossa rádio e nossas atrações. Balé no Teatro da Praça, bandas de rock a dar com o pé. Sertanejos também. Ouvi dizer que os Montanari são daqui.
Lotaremos o campo do Costeira, o campo do Grêmio. Rally nas colônias e MMA no Joval. Não vai haver falta do que fazer, meus caros.
Turismo rural é o bastante, e o Passaúna é nossa praia.
Terminaremos o shopping do Cavalo Baio mais rápido que o metrô de Curitiba.
Com coragem e força, enfrentaremos a adversidades, venceremos e aprenderemos com isso.
No final veremos emergir uma floresta das araucárias toda repovoada e estaremos todos falando polonês.
Pode demorar, eu sei, mas Cracóvia não foi construída num instante.
Nem que eles devolvam nossas casas que estão no Bosque do Papa, voltaremos atrás.
Há um ditado polonês que diz: "Quando não há nenhum vento, reme".
Rumo ao Rio Chimbituva, a desintegração era o remo que nos faltava.
...
Do widzenia, Kurytyba !

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