quarta-feira, 17 de julho de 2013

Araucária Zero Grau


Araucária anda muito careta e hoje amanhece no silêncio.
Nenhuma pichação na Trincheira.
Nenhum caminhoneiro reclama da demora em frente ás empresas de gás.
Nenhum baile animado na colonia Cristina, nem novena no Colégio das Irmãs.
Nenhum bêbado atropelado na saída do Bar Texas.
Ninguém se quebra de skate na pista do Tayrá.
Ninguém pula o muro do Szymanski. Ninguém espreita as meninas do Ibrahim - Onde estão as meninas?
Ninguém é encontrado boiando na represa, nem nas margens do rio. Ninguém para reconhecer.
Nenhum piá pega rabeira nos ônibus.
Não há mais assaltos na Trincheira.
Não tem roque no Morro do Piolho.
Não há briga entre colégios. Ninguém cruza os portões do Maria Luiza, nem Marcos Freire.
Nem tarado cochicha, nem criança grita no matagal ao lado do Werka.
Nem sinal de maloqueiros no famoso Escadão do Dalla Torre.
Sem golpe do Paco.
Sem ciganos pela Câmara.
É o paraíso na Terra das Araucárias.



A cidade acorda extremamente fria.
Nesta manhã nenhum corpo é encontrado na estrada rural.
Apesar do frio, ninguém morre congelado debaixo da ponte do Iguaçú.
Pelo beco do Maranhão o esquisito não está mais lá querendo me mostrar um bagulho.
Os sofridos peões de obra não vagam pela praça perguntando por emprego.
As crianças não estão nas linhas de frente das passeatas.
A poeira e areia da rotatória do Jardim Maranhão se acumula, sem ninguém varrer.
A Vila Verde curitibana não apedreja mais os nossos Ligeirinhos
Neste dia, perdemos a sintonia da Radio Iguaçú.
Desta vez, ninguém morre no Tupy. Sequer há alguma ameaça por arma branca.
Os velhos nomes enfim estão fora do poder. E todos os seus cargos comissionados.
É o Paraíso na Terra dos Pinheirais.



É o paraíso da Terra das Araucárias. Abaixo de zero grau.
A neve cai, no entanto, não há ninguém para festejar.
Ninguém vê o lago congelado do Parque Cachoeira. Quem me dera deslizar sobre ele.
Desde a Mulher Elefante até a bela modelo polaquinha, todos estão num lugar melhor sem angústia e sem folia.
se foram os desentendimentos, então ninguém mais leva corridão ao passar pelo Bairro do Costeira.
Simples assim.
Se vão os desejos, então ninguém mais briga pelo poder nas ruas mequetrefes do Jardim Industrial.
Bravo!
Posso julgar a todos como se fosse maus?
Não. A fatalidade não sonda o coração.
A cidade é riscada do mapa.
O inferno são os outros. Os outros lugares.
O recomeço se trata do paraíso em uma nova Tindiquera.



Pessoa cai do Ligeirinho, mecânico serra as pernas de cliente devedor, um carro Caça-fantasmas é roubado e queimado, putas rifadas no Jardim Califórnia, inocente morre em plena Festa do Pêssego!
A cidade bomba-relógio chegou ao fim.
Para que mais araucarienses?

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